29 de março de 2010

Nota de Esclarecimento


      A Educação pública em nosso país, infelizmente, padece de muitas mazelas. Na modalidade de Educação de Jovens e Adultos (EJA), então, essas mazelas são triplicadas. Não existe uma política educacional séria em nosso país para a EJA, principalmente para o 2º Segmento do Ensino Fundamental e o Ensino Médio. 
        As políticas educacionais para EJA estão muito resumidas ao 1º segmento (do 1º ao 5º ano) do Ensino Fundamental, pois a preocupação com esta modalidade está restrita, muitas vezes, à alfabetização de jovens e adultos com o objetivo de minimizar as estatísticas do analfabetismo. No entanto, está se formando uma classe de analfabetos funcionais em nosso país que não difere muito do analfabeto total. Pois o sistema educacional tem levado a isso. 
           O CEJA Remy Maia foi apontado, em maio de 2009, como a escola do Estado de Alagoas que teve o pior desempenho no ENEM. Isso se deve, em muito, à política educacional para EJA em nosso país e no nosso estado, ademais o número de alunos que realizaram o exame foi muito resumido e não ilustra a total realidade da escola . A EJA não recebe nenhum material didático do governo, não se tem livros, não se tem  uma biblioteca suficientemente equipada para atender aos alunos, não se pode adotar nenhum material didático para trabalhar. Além do mais, a matriz curricular da EJA é extremamente reduzida, o professor que tem uma carga horária minúscula de uma ou duas horas semanais, tem que dá seu conteúdo no quadro de giz, explicar, passar exercícios, fazer correções, aplicar instrumentos avaliativos e tudo isso sem nenhum recurso disponível. 
        Muitos alunos nos cobravam um material de apoio para ajudá-los em seus estudos, principalmente aqueles que almejam uma boa colocação no ENEM e nos vestibulares. Contudo, fomos proibidos de adotar um material norteador de qualquer espécie, por se tratar de escola pública. Entretanto, entendemos que a liberdade individual, o livre arbítrio, o direito a uma educação de qualidade deva prevalecer. Entendemos que o aluno da EJA merece uma educação de qualidade, uma educação libertadora como qualquer outro aluno. E entendemos também que, se o aluno de EJA almeja alcançar a universidade, ele poderá alcançá-la também por meio da educação que lhe é cabida por sua faixa etária e em menos tempo conforme é de direito, que ele não pode somente obter êxito no ENEM se estiver no ensino regular. A EJA tem sim sua especificidade, sua matriz curricular própria, mas não podemos fazer desta educação, uma educação simplesmente compensatória, um faz de conta. 
         Queremos também aproveitar o momento para parabenizar aos nossos alunos que obtiveram êxito no ENEM, pelas bolsas obtidas e nos vestibulares nos anos de 2008 e 2009. Isso reflete o nosso compromisso com uma educação pública de qualidade. Afinal o aluno adulto de 30, 40, 50 anos também tem seus sonhos e não podemos matar esses sonhos. 
          Informamos aos nossos alunos que quiseram adquirir o material didático e fizeram o pagamento do mesmo que procurem a direção da escola para devolução do referido valor. Lamentamos profundamente não poder atendê-los. 
              Esclarecemos ainda, para toda a comunidade escolar, que em momento algum a direção e a coordenação pedagógica da escola obrigou a qualquer aluno a adquirir livro, apostilas, ou qualquer outra coisa. E que o aluno é livre para adquirir ou não qualquer material de apoio solicitado pelo professor. Informamos ainda que a escola não tem nenhuma condição de fornecer cópia xerográfica para os alunos, pois não há recurso para isso. O recurso que chega à escola uma vez por ano, conquistado somente a partir de 2009, é pequeno e mal dá para fazer os reparos que a escola necessita, tendo em vista o descaso do poder público com esta modalidade de ensino.
             Outrossim, reiteramos o nosso compromisso com toda a comunidade escolar a fim de que tenhamos sempre melhorias, independentemente dessas melhorias virem do governo ou não, conforme a própria comunidade escolar pode testemunhar pelo seu engajamento nas melhorias já alcançadas.

Palmeira dos Índios, 29 de março de 2010.

Edson Marques Brandão
Diretor Geral

         

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